segunda-feira, 4 de maio de 2009

DS - Redemption - Onde se conta o momento em que um homem percebe que é muito mais do que imagina


Klaus era psicoterapeuta. Mais um a deriva no imenso oceano da frustração; mais um que escolheu uma carreira com todo aquele entusiasmo juvenil , que sonhou com a realização profissional, que imaginou alcançar a independência financeira vivendo do trabalho para o qual, por tantas vezes, pareceu ter nascido – ele era mais um filho da classe média paulistana, cujas ideias e costumes do pequeno burguês hipócrita e arrogante, que como um câncer, contaminava seu círculo social. Nunca foi estudante brilhante, tampouco dedicado, apesar da rigorosa cobrança dos pais que sonhavam com um filho doutor em medicina, mas é preciso que se diga, sempre mostrou algum talento no campo da literatura e também no trato dos males da alma humana, no entendimento das emoções, por isso optou pela psicologia. Ele acreditava que a psiquiatria estava muito além de suas capacidades, sequer chegou a tenta-la. Assim, com a ajuda dos pais e de um bico de meio período numa livraria no centro da cidade, ele se graduou numa dessas universidades privadas, que aos montes, como mercadinhos de bairro, se espalham pelo país, a maioria de questionável qualidade.

Aquele ultimo ano não estava sendo nada fácil para ele. Klaus havia finalmente se encontrado com algo que, inconscientemente, tantas pessoas passam a vida procurando, ou tentando entender e que quase sempre só entendem ou encontram quando não há mais tempo para qualquer ação. Ele acreditava com todas as forças que havia conseguido se enxergar, se ver com diferentes olhos; sem máscaras, sem culpas, sem medos, despido de qualquer pudor, despido de qualquer modelo pré-concebido de moral e carácter. Ele questionou que tipo de paradigma havia tomado para si, quão medíocre havia sido sua vida até o presente momento e, perigosamente, por um instante, não viu sentido algum nas escolhas que havia feito.
Sentindo-se enganado por si mesmo e dominado por uma sensação de profundo vazio, o psicoterapeuta decidiu que era hora de quebrar as corrente que o prendiam e que era hora de agir.

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